sábado, 30 de outubro de 2010

PF apreende R$ 6 milhões no Amapá

MACAPÁ - A Polícia Federal apreendeu na manhã deste sábado R$ 6 milhões em dinheiro vivo no Aeroporto de Macapá, capital do Amapá. O dinheiro estava em uma aeronave de uma empresa particular. Segundo a assessoria da PF, o piloto foi preso em flagrante. A PF também disse que o caso só será apurado e investigado após as eleições para não atrapalhar nenhum dos dois candidatos que disputam o segundo turno: Camilo Capiberibe (PSB) e Lucas Barreto (PTB).

Mais cedo, a PF havia divulgado que a quantidade apreendida havia sido de R$ 2 milhões, informação que foi corrigida há pouco. O dinheiro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal. 

Comentando: Dessa vez espero que o poder econômico não defina a eleição. E o povo que tá na miséria tenha liberdade de decisão. Ninguém trocará seu voto por um prato de comida!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Morais: Brasil já não fala fino com Washington

Fernando Morais, autor do livro A ilha (sobre Cuba) e de uma bela biografia de Assis Chateaubriand (Chatô), entre outras obras, foi bem mais convincente ao expor as razões pelas quais vota em Dilma e não vota em Serra. Leia abaixo o depoimento ( curto e grosso) do escritor à CBN:

“Eu voto na Dilma porque é a pessoa mais qualificada para dar continuidade ao período que é seguramente o período mais importante na história do Brasil nos últimos 50 anos. Desde Getúlio Vargas nenhum presidente promoveu transformações tão profundas quanto o Lula

“Vou pegar dois exemplos, em primeiro lugar o feito que foi tirar da miséria absoluta 30 milhões de pessoas, como a população inteira sabe. Isto significa 10 vezes a população do Uruguai , seis vezes a população da Dinamarca e não é esmola como dizem seus adversários. O Bolsa Família é um projeto de integração, de inclusão social, provavelmente um dos maiores já realizados no mundo.

“Depois, por outra razão que é a política externa independente. Provavelmente o Brasil, desde Horácio Lafer, não tem uma política externa tão altiva, tão independente, que o Chico Buarque resumiu muito bem: é uma política externa que não fala fino com Washington nem fala grosso com o Paraguai e com a Bolívia [o contraste com a diplomacia dos pés descalços de FHC é colossal]

“Não voto em Serra também porque conheço o Serra, sei quem é ele, é um desagregador, um dos poucos políticos que eu conheço que não tem amigos. O Serra foi a um cartório em São Paulo e registrou, escreveu num pedaço de papel ´vou ser candidato a prefeito de São Paulo e prometo cumprir o mandato até o fim´ . Assinou em baixo, José Serra, e no meio do mandato foi embora, largou a Prefeitura pela metade, entregou a prefeitura para o DEM, para a antiga Arena. Depois se elege governador, larga o governo pela metade

“Como é que eu posso colocar para presidir um país, que não é para ser gerente, o Brasil não é uma agência bancária, não é uma loja de banana, como é que vou colocar para dirigir um país de 200 milhões de habitantes alguém que não cumpre nem a própria palavra.

“Essas são as razões essenciais pelas quais eu não voto no Serra”.

Da redação, com CBN



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

As quatro mulheres

As protagonistas destas eleições, por motivos distintos, foram Dilma Rousseff, Marina Silva, Erenice Guerra e Mônica Serra. E as eleitoras serão decisivas para o resultado de 31 de outubro. São elas que ainda têm mais dúvidas sobre o voto
O primeiro tempo das eleições presidenciais foi dominado por figuras masculinas. Desde quando começaram, já faz quase dois anos, até o mês passado, só se discutiu o que determinados personagens pensavam, faziam, propunham. Todos homens.
Foi o tempo em que, de um lado, estava Lula e, de outro, José Serra.
O fato de Lula ter escolhido uma mulher para sucedê-lo não mudava o quadro. A candidatura de Dilma Rousseff tinha a marca da iniciativa masculina, pois viera de um homem o papel de constituí-la. Para efeitos políticos e perante a opinião pública, sem Lula, Dilma não existiria.
O plebiscito proposto pelo presidente era outra coisa que tornava secundário o fato de ela ser mulher. Se a escolha apresentada ao eleitor era entre dois governos e dois “homens públicos”, o gênero da candidata tornava-se irrelevante. No máximo, seria uma esperteza de Lula, querendo dar-lhe um impulso adicional, “aproveitando-se” disso.
Do lado das oposições, não houve especulação sobre candidaturas de mulheres à Presidência e apenas um ou outro nome chegou a ser ventilado para ocupar a vaga de vice. Mas a chapa oposicionista acabou sendo puro-­sangue no gênero.
Não esqueçamos Marina Silva. A candidatura possuía marca nitidamente feminina e nunca pareceu decorrer de uma articulação em que a iniciativa fosse externa. Marina tornou-se candidata por desejo próprio.
Mas seu destino era ter uma participação secundária. Aninhada em um tema “não central”, com o qual o eleitorado feminino (mais que o masculino) tende a se identificar, a Marina “verde” continuava a sublinhar a predominância dos homens na eleição. Antes de setembro, muitos a viam até com condescendência.
As últimas semanas do primeiro turno e o começo do segundo marcaram uma mudança radical nesse cenário. Passamos a viver outro tempo, de domínio feminino.
Seus quatro personagens centrais são mulheres. Cada uma a seu modo, é em torno delas que estamos discutindo.
A primeira é a própria Dilma. A partir do segundo turno, ela assumiu o protagonismo de sua campanha em um nível muito maior que no anterior. Seja na propaganda eleitoral, seja nos palanques, nos debates ou nas entrevistas, a Dilma de agora é mais Dilma e menos a candidata de Lula. Vencendo, ele terá de compartilhar com ela o resultado.
A segunda é Marina, para muitos a estrela das eleições. De coadjuvante modesta, tornou-se o fenômeno que mudou os prognósticos, cujo apoio passou a ser cobiçado por Dilma e Serra. Pensando nos quatro candidatos a presidente que saíram do PT (Heloísa Helena, Cristovam Buar­que, Plínio e ela), foi a que chegou mais longe. Tudo indica que será uma presença relevante em nossa política nos próximos anos.
A terceira é Erenice Guerra, com o papel mais dramático. O segundo turno que sua amiga está enfrentando deve-se mais a ela que à capacidade de resistência de Serra ou ao bom desempenho de Marina na reta final. Sem Erenice, a imagem de Dilma teria permanecido mais forte.
A quarta é Mônica Serra, a mais controvertida. Na virada do segundo turno, quando a campanha do marido percebeu que precisava garantir o voto religioso e conservador que havia desaguado em Marina, ela se transmutou. Sem que ninguém imaginasse que existia, desabrochou uma devota, disposta a carregar a imagem da santa em peregrinação para confortar os mineiros do Chile. De missa em missa, não relutou em apagar o que havia sido e dito, cumprindo com seu dever de esposa.
Para o bem ou para o mal, essas quatro mulheres mudaram a eleição, levando-a para a disputa acirrada que estamos vendo. No que vai acontecer em 31 de outubro, elas são personagens centrais. Os homens se retraíram para o fundo do palco.
E não são só elas, as mulheres, que contam. A crer nas pesquisas, o resultado depende mais das decisões das eleitoras que dos eleitores, pois são elas que mais dúvidas ainda têm sobre o que vão fazer. •

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dilma X Serra

Tanto Serra como Dilma eram
militantes estudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos golpes militares da
desgraçada história brasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas
lideranças, covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento
histórico brasileiro, “colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para
o Chile, França, Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político
durante longos 16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos
salários. Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua
esposa, Mônica Allende Serra, chilena.

Outras lideranças não fugiram da luta e
obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros
heróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreram prisões e torturas
infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver
em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa.

Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma
lutadora, fiel guerreira da solidariedade e da democracia. Foi presa e
torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informa vários e-mails
clandestinos que circulam Brasil afora. Não sou partidário nem filiado a
partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra
fujão, e Dilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na
eleição presidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!

Pedro Bial, jornalista

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nota do PC do B de apoioa Camilo40.

Ampliar e Fortalecer a Frente Popular

“Há compromissos e compromissos (...), o compromisso que é capitulação diante da hegemonia do adversário, renúncia da própria autonomia política, e o compromisso que se tornou indispensável em função do nível das forças em luta, a fim de preservar as próprias fileiras e conseguir avançar, apoiando-se nas forças possíveis de serem unidas”
V.I. Lênin

A nova quadra política resultante do primeiro turno das eleições 2010 no Brasil e no Amapá apresenta o desafio de construir um efetivo e novo projeto de desenvolvimento para aprofundar a democracia, promover a justiça social, aumentar a geração de emprego e distribuição de renda.
Retirar o Amapá do atraso econômico e social em que se encontra exige aglutinar amplas forças políticas e sociais comprometidas com os trabalhadores e trabalhadoras na construção de um caminho que aponte um rumo novo para o Estado.
É hora de forjar, no curso da luta, uma ampla aliança, democrática, popular e progressista que impulsione as mudanças para que o Amapá se torne um Estado economicamente desenvolvido, socialmente justo, forte e influente no país.
Neste sentido a Comissão Política Estadual do PCdoB após profundo, intenso e extenso debate definiu seu posicionamento político eleitoral nesse segundo turno da eleição ao Governo do Estado do Amapá em apoiar a candidatura de Camilo Capiberibe (PSB/PT), por entender que esta representa objetivamente o sentimento de mudança expresso no seu Programa de Governo avançado e realizável.
O Partido Comunista do Brasil chama todos seus dirigentes, militantes, filiados e amigos, lutadores e lutadoras dos movimentos sociais e populares a fazer uma campanha vigorosa fortalecendo a Frente Popular garantindo em 31 de outubro nas urnas a vitória do povo Amapaense.
Macapá-AP, 13 de outubro de 2010

Comissão Política Estadual do PCdoB

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Bomba: Cassados no rio de lama

Dependendo da fase da lua e da estação do ano, a paisagem de Macapá, capital banhada pelo Amazonas, pode se transformar. Quando a maré está alta, as ondas fluviais chegam a invadir as calçadas. Isso ocorre por influência do Oceano Atlântico, que no Amapá se encontra com o maior rio do mundo. Quando a maré seca, surge uma lama espessa e escura formada pelo solo do rio. Na lama que beira a orla se joga futebol, conhecido como futelama. Ainda se brinca de peteca, queimada, entre outras atividades. Em sentido figurado - o que não diminui a sujeira -, na lama amapaense também se faz política.
JF Diorio/AE
JF Diorio/AE
Orla do Rio Amazonas na maré baixa: um espesso lodo real e metafórico, com prisões e compra de votos

No dia 10 de setembro, a modalidade de política na lama ganhou destaque nacional depois da Operação Mãos Limpas da Polícia Federal. Dezoito pessoas foram presas, entre elas o governador candidato à reeleição e o ex-governador que concorria ao Senado, ambos derrotados nas urnas. Os resultados desses desmandos estavam nas ruas. Perto de 170 obras inacabadas, crianças saindo mais cedo das escolas por falta de merenda e bebês morrendo na maternidade com equipamentos quebrados. O Rio Amazonas, que era limpo antigamente, hoje recebe todo o fluxo de esgoto sem tratamento no Estado.

Nesse ambiente de pântano contaminado, as eleições do último domingo ocorreram em clima acirrado. Boa parte da população depende de empregos públicos, o que tornou a corrida eleitoral uma briga de foice por futuros salários. O inimigo, nessa luta, faz a regra e quem não desce ao pântano para brigar corre o risco de ficar desempregado.

Na Baixada do Ceará, favela de palafitas de Macapá, às vésperas da eleição, a reportagem conversou com mães que ganharam pares de chinelos para os filhos em troca de votos. Foram apreendidos ainda dinheiro vivo, moedas, combustível e cestas básicas em galpões. Um candidato tinha sido preso por pedir votos ameaçando eleitores com revólver. A situação só não foi pior este ano por causa da presença ostensiva de 200 agentes da PF nas ruas do Amapá.

Como não poderia deixar de ser, as eleições locais também tiveram os chamados candidatos fichas-sujas. Seis deles disputaram o pleito. Podiam concorrer, mas se vencessem, para assumir precisariam ainda ganhar uma nova batalha jurídica nos tribunais superiores. A decisão dos tribunais de barrar concorrentes em um dos Estados brasileiros onde política desce aos níveis mais baixos desnudou alguns problemas da Lei da Ficha Limpa. Os magistrados, que às vezes decidem em cima de casos mal investigados, ganharam peso no processo político-eleitoral - enquanto os votos perderam força.

Luta sem equilíbrio. Antigo território federal, o Amapá só virou Estado depois da Constituição de 1988. Tem 75% da área coberta pela floresta amazônica quase integralmente intocada. A população é menor que a de Campinas. São menos de 700 mil moradores, o que facilita a vida dos gestores para administrar um Estado rico em minério e grande diversidade de peixes. Mas que mantém a maioria dos habitantes na miséria.

A incompetência e má-fé dos políticos tem muito a ver com o subdesenvolvimento local. Nos últimos seis anos, nas operações policiais, quatro secretários estaduais da Saúde foram presos. Eram rotina falcatruas em contratos de material escolar, remédios, merendas, consertos de equipamentos hospitalares, sem falar nas fraudes em licitações. O governo e as instituições amapaenses haviam se tornado organismos doentes em fase final de metástase, infeccionados pela disputa política. Os desvios de dinheiro público eram estimados em R$ 300 milhões, 150 vezes mais do que o orçamento do Estado em pesquisa e tecnologia.

O avanço rápido dessa infecção que deteriorou as instituições coincidiu com o período no qual os magistrados passaram a determinar os rumos políticos do Amapá e os eleitores perderam força na definição de quem deveria comandar o Estado.

Protagonismo. Os juízes passaram a ter mais influência na cena política amapaense depois da eleição de 2002. No dia do pleito daquele ano, correligionários do senador João Capiberibe (PSB) e da mulher, a deputada Janete Capiberibe, principais lideranças do grupo que governara o Amapá por oito anos, foram pegos em flagrante em uma cena bizarra. Numa batida, autoridades federais apreenderam material de boca de urna da campanha socialista, dinheiro, combustível, botijões de gás e uma relação de mais de 5 mil nomes em uma casa onde estavam integrantes da campanha eleitoral do grupo. Poderia ser mais um entre tantos episódios grotescos da guerra na lama amapaense. Mas esse caso seria diferente porque dois depoimentos acusando os culpados apareceram. Quase três semanas depois da batida.

As agricultoras Rosa Saraiva dos Santos e Maria de Nazaré da Cruz Oliveira, moradoras de casas de palafitas em um bairro pobre de Macapá, denunciaram em cartório integrantes da campanha dos Capiberibes de terem pago a cada uma R$ 26 em duas parcelas em troca de voto. R$ 20 pelo voto e R$ 6 pelo lanche. Os nomes delas constavam da lista apreendida no comitê. Seria o começo do inferno astral do casal e do grupo de oposição ao novo governo que se instalara. "Meu maior erro foi não ter considerado o caso seriamente. As acusações eram tão esdrúxulas que não dei importância. Quando corri atrás, era tarde demais e acabei cassado", disse Capiberibe, conhecido como Capi.

Os reveses na Justiça começaram a se suceder nos anos que se seguiram, condição que fragilizou politicamente os até então poderosos socialistas amapaenses. Ao mesmo tempo, o novo grupo instalado no poder se fortalecia a ponto de quase conquistar hegemonia política no Estado. Em 2005, Capi e a mulher foram cassados. O senador Gilvam Borges (PMDB), primeiro suplente e maior aliado do senador José Sarney (PMDB), assumiu a vaga. Capi e Janete tentaram voltar nas eleições deste ano. Na véspera da votação, ainda por causa da suposta compra de votos, eles tiveram os registros indeferidos pelo TSE. Mesmo assim, no último domingo, estiveram entre os mais votados e se elegeram. Capi ficou em segundo para o Senado. Janete foi a federal campeã de votos. Para assumir, no entanto, vão depender da análise dos magistrados. Como nos últimos oito anos, caberá a eles bater o martelo sobre o futuro político do Amapá.

Sobram ironias no processo que levou para os frios corredores dos tribunais o destino político do Amapá. A primeira delas surge da própria acusação confusa que motivou todo o rebuliço político e jurídico no Estado. No dia 1º de outubro, antevéspera de eleição deste ano, o Estado teve acesso a um depoimento dado no Ministério Público Federal do Amapá por um ex-funcionário de Gilvam Borges que acusava o antigo patrão de tê-lo contratado para arrumar os depoimentos que respaldariam as acusações contra os Capiberibes em 2002.

Contradições. A reportagem entrevistou a testemunha no sábado antes da eleição. Em uma casa de fundos no Jardim Felicidade, bairro na periferia de Macapá, o cinegrafista Roberval Coimbra Araújo tinha documentos para respaldar alguns fatos que narrava. Para outras acusações, não apresentou provas.

Coimbra contou que, em 2002, trabalhava em um programa de rádio quando foi chamado por um colega para "fazer um serviço" para o senador Borges. Na "Operação Cavalo Doido", ele teria a tarefa de localizar pessoas cujos nomes estavam na lista apreendida pelas autoridades durante a batida policial. Encontrou Rosa e Nazaré em suas casas de palafita. "Quando entrei, falei: ‘Vim aqui para mudar as suas vidas’", disse.

Ele ainda afirma que ofereceu às duas casa e dinheiro, sem especificar a quantia. A oferta seria bancada por Borges. Levou as testemunhas para uma casa de fundos da TV Tucuju, de propriedade de Borges, onde elas ficariam 30 dias escondidas até registrarem depoimentos em cartório. As duas confirmaram na Justiça terem recebido os R$ 26 pelo voto. Esses depoimentos, segundo Coimbra, renderam dois terrenos no Jardim Marabaixo III. Depois, elas se mudaram para casas de alvenaria no Jardim Marco Zero. Os dois lugares são bairros pobres de Macapá.

O suposto aliciador disse ainda ter recebido pelo serviço. Foi contratado como cinegrafista em janeiro de 2003 na TV Tucuju - pouco mais de um mês depois da armar a suposta fraude. Com registro na carteira de trabalho. A bronca com Gilvam Borges veio mais tarde, em 2005. Coimbra teria a promessa de receber um cargo no Senado quando Borges assumisse a vaga. "Fui falar com o Geovani (irmão de Gilvam). Ele foi grosseiro e disse que não iria ‘ficar na minha mão’", diz. Pouco depois, Coimbra foi demitido, como mostra seu registro profissional.

Geovani Borges, irmão de Gilvam e suplente na chapa do senador, diz que a contratação e demissão de Coimbra ocorreram por questões internas da televisão. Nega todas as acusações feitas por ele e afirma que o caso já foi analisado pelos tribunais superiores. E levanta suspeitas pelo fato de o depoimento de Coimbra ter sido prestado no MPF pouco antes da eleição. "Vamos processar esse senhor por calúnia", diz.

Mas ironia das ironias em todo esse processo são os efeitos colaterais provocados pela interferência pesada dos magistrados no panorama político-eleitoral amapaense. Uma das causas da roubalheira que nos últimos oito anos contaminou os poderes locais, segundo os policiais, esteve ligada justamente à falta de fiscalização por parte de instituições que deveriam se controlarem.

Essa omissão começou no governo de Waldez Góes (PDT), que assumiu em 2002 firmando um pacto de não agressão que amenizava a fiscalização da imprensa, tribunal de contas e Legislativo. O fortalecimento do chamado "grupo da harmonia" nos anos que se seguiram danificou os controles institucionais, permitindo que todos pudessem tirar uma lasquinha. As derrotas jurídicas sucessivas das forças de oposição tornaram essa fragilidade ainda mais acentuada. Se a briga de foice antigamente era equilibrada, a peleja passou a ter um combatente superpoderoso - o grupo da harmonia - e outro raquítico - a oposição. Desequilibrando a luta política, é como se os magistrados, vindos de fora do processo, sugerissem um remédio para infecção que acabasse matando os anticorpos e acelerando a propagação da doença.

Passadas as eleições, a política no Amapá continua em suspense, aguardando decisão da Justiça sobre os fichas-sujas. Enquanto a reportagem esteve em Macapá, o rio secava de manhã e as instituições permaneciam ameaçadas. Com a tragédia foi possível perceber que a escolha da profilaxia adequada contra o caos é mais complicada do parece.

sábado, 9 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010 - Se quiser desenvolvimento, Marina terá que votar em Dilma

“O que queremos ser de agora em diante?”. A pergunta é feita logo nas páginas iniciais do programa de governo de Marina Silva, a mulher mais cortejada do Brasil no segundo turno das eleições presidenciais. Ela se refere ao rumo que o país tomará a partir de 2011, situação que será definida somente no dia 31 de outubro. Uma coisa, no entanto, é certa: se a ex-candidata verde confirmar seu discurso pró-desenvolvimento sustentável, Dilma Rousseff será sua escolha – ainda que não tenha como declarar oficialmente qualquer apoio.

O programa de Marina diz que, após Lula deixar a Presidência, seu sucessor (ou sucessora) terá que “planejar uma transição estratégica para o desenvolvimento de nova geração”. Diante desse desafio, a ex-ministra do Meio Ambiente defende que “o Brasil precisa enfrentar seus problemas não com uma ruptura, mas com um claro redimensionamento de suas energias políticas e constitucionais”.

Pois bem. No primeiro turno, havia duas candidaturas com as características necessárias para se levar adiante esse ideário: as de Dilma Rousseff e Marina Silva – a primeira por sua ligação umbilical junto ao governo Lula; a segunda por ter feito parte desse projeto e por enxergar reais avanços nas políticas implementadas ao longo dos últimos anos.

Um eventual governo Serra, ao contrário do que apregoa o programa do PV, seria inevitavelmente marcado por uma ruptura em relação à Era Lula. O discurso oficial do tucano nega essa possibilidade por causa dos quase 80% de aprovação do presidente, mas a cada semana de campanha se percebe que as propostas do PSDB e de Dilma são completamente opostas.

serra-marina-dilmaDois exemplos concretos podem ser vistos nas recentes manifestações de apoio do PV a candidatos que receberão Dilma em seus palanques, no Pará e no Distrito Federal. Nos dois casos, restarão em debate conceitos fundamentais para Marina Silva: o meio ambiente e a ética, já que a questão da Amazônia e a herança de Joaquim Roriz e do Mensalão do DEM serão temas recorrentes neste segundo turno.

Outro exemplo estadual certamente também afetará a decisão de Marina para o segundo turno. Em seu programa de governo, todo o texto dá muita ênfase à questão da educação, tema que a própria ex-candidata fez questão de inquirir José Serra em mais de um debate, por conta da terrível situação enfrentada pelos estudantes paulistas.

O PSDB conseguiu, com a vitória de Geraldo Alckmin no último domingo, seu quinto mandato consecutivo no governo de São Paulo. É mais do que conhecida por todo o Brasil a fama do ensino oferecido pelos tucanos há mais de 15 anos.

Marina define a educação como o principal fator para se revolucionar a sociedade brasileira e elevá-la a um novo patamar de desenvolvimento. “Prioridade das prioridades, não pode mais ser vista apenas como um grande programa. É a virada do país, é o jogo de vida no qual temos que vencer pela persistência, pelo envolvimento da nação inteira, sob a liderança integralmente comprometida do Estado”. Diante de tal definição, como apoiar Serra? Como subscrever o projeto tucano para a “prioridade das prioridades”?

“O Brasil que chega às eleições de 2010 é um vencedor”, sustenta Marina em seu programa de governo. “A nossa autoestima aumentou”, prossegue a ex-candidata, para em seguida acrescentar que “55 milhões de pessoas melhoraram seu padrão de vida, em especial as 24 milhões que deixaram a linha da pobreza”. Tudo isso é verdade e merece ser destacado, mas esse reconhecimento não basta. A importância que Marina Silva alcançou no primeiro turno exige dela um gesto grandioso e fiel à sua biografia: ver em Dilma, e não em Serra, a melhor opção para que o Brasil aprofunde seu projeto de desenvolvimento.

Fernando Damasceno – Portal CTB

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Panfleto pró-TFP circula em reunião de cúpula tucana

PASMEM!!!

Navalha


texto incita militantes a divulgar na web que plano de Dilma inclui perseguir cristãos, legalizar aborto e prostituição

 

Participantes da reunião de cúpula da campanha de José Serra (PSDB) hoje (6.out.2010), em Brasília, receberam um panfleto com instruções sobre como propagar uma campanha anti-Dilma na internet. Num dos trechos, recomenda aos militantes visitarem o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, um dos fundadores da TFP ( Sociedade Brasileira de Defesa de Tradição, Família e Propriedade), uma das mais conservadores agremiações do país.



O panfleto basicamente se refere ao PNDH-3 (Programa Nacional de Direitos Humanos), lançado pelo governo Lula no final do ano passado. Eis um dos trechos do panfleto divulgado na reunião tucana:



“O PNDH-3 é um projeto de lei que tem por objetivo implantar em nossas leis a legalização do aborto, acabar com o direito da propriedade privada, limitar a liberdade religiosa, perseguir cristãos, legalizar a prostituição (e onde fica a dignidade dessas mulheres?), manipular e controlar os meios de comunicação, acabar com a liberdade de imprensa, taxas sobre fortunas o que afastará investimentos, dentre outros. É um decreto preparatório para um regime ditatorial”.



O blog estava dentro da sala do centro de convenções Brasil 21 na qual se realizou o encontro tucano. Por volta das 16h10, antes de a imprensa ser admitida no recinto, uma mulher com adesivo de Serra colado no peito distribuiu o bilhete. “Pega e passa”, dizia.



Era do tamanho de um papel A4 dividido ao meio. Mais tarde, uma pequena pilha (cerca de 3 cm de altura) com esses panfletos foi deixada ao lado do local onde era servido café –e a imprensa teve livre acesso. Ao final, o texto recomenda: “Divulgue esta informação através das redes sociais da internet (blogs, Orkut…)”.



Segundo as assessorias do PSDB nacional e do candidato José Serra, a confecção do panfleto não tem relação com o partido nem com a campanha tucana. Ainda assim, o papel ficou à disposição de quem tivesse interesse em pegar. Os panfletos só foram retirados um pouco depois de o Blog ter perguntado à cúpula tucana a respeito do assunto.



Eis a íntegra do texto do bilhete:



“Você sabe o que é o PNDH-3? Se você é uma pessoa que pensa em votar na Dilma, conheça bem este projeto antes de votar.



“O PNDH-3 é um projeto de lei que tem por objetivo implantar em nossas leis a legalização do aborto, acabar com o direito da propriedade privada, limitar a liberdade religiosa, perseguir cristãos, legalizar a prostituição (e onde fica a dignidade dessas mulheres?), manipular e controlar os meios de comunicação, acabar com a liberdade de imprensa, taxas sobre fortunas o que afastará investimentos, dentre outros. É um decreto preparatório para um regime ditatorial.


“O que podemos esperar de um governo que tenta atropelar a sua constituição, tratados e convenções internacionais? Não duvide da veracidade dessas informações, pesquise a respeito e voto consciente!



“No próximo dia 3 de outubro, você pode mudar radicalmente o campo de batalha contra o PNDH-3. Para o bem ou para o mal… Tudo vai depender de como se comporá o novo Congresso Nacional depois do resultado das urnas. Mas e muito grande o número de pessoas que ainda não se conscientizaram do momento que atravessamos.



“Se você não fizer nada agora, não adiantará chorar sobre o resultado das urnas. E prepare-se para assistir nos próximos 4 anos uma transformação radical do País. Pense na sua família! O direito de votar é seu , o dever de promover a vida é do povo brasileiro. É através do voto que demonstramos o nosso poder!



“Passe essa informação adiante, não se omita, lute pelos nossos direitos! Depois pode ser tarde demais!



“Vamos eleger os políticos “Ficha Limpa de PNDH-3”. Veja as propostas dos seus candidatos, fique alerta! Divulgue esta informação através das redes sociais da internet (blogs, Orkut…)



“Acesse HTTP://www.ipco.org.br/home/  – Envie o seu cartão amarelo de alerta as deputados e senadores. Faça você também a sua parte, não se omita! Se puder faça cópias deste texto e ajude-nos com este trabalho, imprima os cartazes disponíveis neste site.



“Jesus disse: Eu vim para que todos tenham vida!”.



“Uma democracia sem valores converte-se facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado, como a história demonstra”. João Paulo II”.


domingo, 3 de outubro de 2010

Confissões

Confesso! Fui um dos autores do panfleto “Anos Rebeldes, próximo capítulo”. Esse panfleto, pra quem não sabe, era da UBES e da UNE e convocou a primeira passeata do Fora Collor. No dia 11 de setembro de 1992, milhares de estudantes invadiram a Avenida Paulista pedindo a cabeça do Presidente da República.

Eu era Coordenador Geral da UBES. E o panfleto chamava o Collor de ladrão, antes de isso ser provado. Fiz dezenas de outros panfletos, cartazes e faixas com igual teor. Desculpe Fernando Collor. Mas obrigado por não ser mais presidente.

Também confesso! Incitei milhares de estudantes a quebrarem ônibus nas passeatas pela meia-passagem no início da década de 90. Eu era presidente da UMES (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) e sou um dos culpados pela paralização do trânsito, pela devastação do antigo bambuzal da Praça do Operário e pela preocupação de pais e mães com seus filhos adolescentes que andavam em perigosas passeatas.

Desculpe senhores empresários de ônibus. Desculpem senhores governadores Jáder Barbalho, Carlos Santos e Hélio Gueiros. Mas obrigado pela meia-passagem.

Também, ainda garoto, gritei que a UDR era assassina na passeata que enterrou Paulo Fonteles. Um gesto irresponsável que eu, confesso, repeti nos enterros de João Canuto, Expedito, João Batista e tantos outros.

Eu podia aqui dividir a culpa por esses crimes. Dizer que nada disso foi feito sozinho. Podia dizer que alguns políticos nos influenciaram. Afinal, recebemos apoio do vereador Jordy, pra fazer quebra-quebra de ônibus (várias vezes). O deputado Edmilson ia pras nossas passeatas. A vereadora e depois deputada Socorro Gomes sempre fazia discursos. O Ganzer e a Sandra batista também davam uma força. Mas dividir a culpa poderia prejudicar alguns desses líderes, liga-los a atos ilegais. Inclusive poderia constranger os que mudaram de lado.

Confesso também que chamei o Sarney de ladrão, o FHC de privatista, o Almir de assassino de sem-terra. Também disse por aí que o Jatene quebrou o Pará. Desculpem senhores.

E agora, desculpe-me também senador Flexa Ribeiro.

Não por ter feito um panfleto da UNE, UMES, UBES, não por distribuí-lo. Porque pra me imputarem isso a gente ainda vai dar uma boa brigadinha. Mas peço desculpas por concordar com o teor dele. Se eu ainda fosse estudante, botaria minha própria assinatura nele. Já que eu fiz tanta bobagem antes, como confessei acima, mais essa não seria problema.

O panfleto que “esculhamba” o senador mostra uma foto dele preso. Coisa que ele realmente foi, diga-se. Diz que ele é acusado pela participação no escândalo da Pororoca, coisa que ele é mesmo. Diz que ele é componente da mais raivosa direita branca deste país. Diz que ele foi honrado com o prêmio de Inimigo da Amazônia, dado pelo Greenpeace e várias outras entidades. E mostra uma grande listagem de votos desse senhor contra o governo do Presidente Lula. Tudo fato.

O senhor Flexa votou contra a CPMF, tirando 40 bilhões da saúde pública. O senhor Flexa votou contra a capitalização do BNDES. Flexa votou contra a criação do Ministério da Igualdade Social. Votou não ao projeto de modernização do turismo brasileiro. O senhor Flexa passou seis anos votando contra o Brasil.

É isso que diz o panfleto dos estudantes. E é tudo verdade.

Por isso vou confessar mais um pequeno delito, afinal o voto é secreto. Não votarei no senador. Ele é a pior alternativa para o Pará.

Mauro Panzera

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

TESTE PSICOLÓGICO

Um sujeito está em uma entrevista para emprego.
O psicólogo dirige-se ao candidato e diz:
- Vou lhe aplicar o teste final para sua admissão.
- Perfeito, diz o candidato.
Aí o psicólogo pergunta:
- Você está em uma estrada escura e vê ao longe dois faróis emparelhados vindo em sua direção. O que você acha que é?
- Um carro, diz o candidato.
- Um carro é muito vago. Que tipo de carro? Uma BMW, um Audi, um Volkswagen?
- Não dá pra saber né?
- Hum…, diz o psicólogo, que continua: Vou te fazer uma outra pergunta: Você está na mesma estrada escura e vê só um farol vindo em sua direção, o que é?
- Uma moto, diz o candidato.
- Sim, mas que tipo de moto? Uma Yamaha, uma Honda, uma Suzuki?
- Sei lá, numa estrada escura, não dá pra saber (já meio nervoso).
- Um…, diz o psicólogo. Aqui vai a última pergunta: Na mesma estrada escura você vê de novo só um farol, menor que o anterior. Você percebe que vem bem mais lento. O que é?
- Uma bicicleta.
- Sim, mas que tipo de bicicleta, uma Caloi, uma Monark?
- Não sei.
- Você foi reprovado!! Diz o psicólogo.
Aí o candidato dirige-se ao psicólogo e fala:
- Interessante esse teste. Posso fazer uma pergunta ao senhor também?
- Claro que pode. Pergunte.
- O senhor está tarde da noite numa rua iluminada. Vê uma moça com maquiagem carregada, vestidinho vermelho bem curto, girando uma bolsinha, o que é?
- Ah! – diz o psicólogo – É uma puta.
- Sim, mas que puta? Sua irmã? Sua mulher? Ou a puta que te pariu?